NOTÍCIAS DO SEA-SC 2013


Uso de veneno cresce mais do que área 
cultivada, afirma cientista do CTNbio
                O pesquisador Leonardo Melgarejo, que representa o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio), participou da Mesa Redonda sobre Agroecologia e Soberania Alimentar, na tarde de quinta-feira (23), no VI Seminário Estadual de Agroecologia, em Pinhalzinho. O evento, que encerra hoje, reúne 1,7 mil participantes em debates sobre a produção de alimentos sem agrotóxicos.
                Melgarejo defendeu que os transgênicos foram criados com o discurso de que reduziriam o volume de agrotóxicos, além de aumentar a produtividade. “O que vem sendo observado no Brasil é que cresce o uso de veneno. Então, cada metro a mais de área que entra na lavoura brasileira vem acompanhado de uma produtividade menor, e de uma quantidade maior de agrotóxico aplicado”, afirmou.
                Para o pesquisador, as pesquisas apontam um panorama preocupante. Melgarejo explica que há uma divisão de opinião clara entre os cientistas, quando se trata da relação entre transgênicos e agrotóxicos. Um grupo desconfia dos resultados e pede mais estudos. Outro acredita que não há mais dúvidas em relação à segurança dos transgênicos e sua relação com a utilização de agrotóxicos. “Eu faço parte do primeiro grupo, e gostaria muito que a tese deste segundo grupo estivesse certa. No entanto, lamentavelmente, não é o está acontecendo”, pondera.
                Entre os pontos defendidos pelo professor estão assegurar acesso público às informações relacionadas aos agrotóxicos e a realização de avaliações independentes dos agrotóxicos comercializados, já que boa parte das pesquisas só ocorre depois que o produto está sendo comercializado.
Para pensar...
Num período de seis anos, desde que os Estados Unidos começaram o plantio de transgênicos, a quantidade de agrotóxicos utilizadas aumentou mais de 100%.
Dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras brasileiras, 22 são proibidos na União Européia.


Assistência técnica é um dos principais desafios 
da agroecologia, afirma Gervásio Paulus

                O diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus, fez a palestra de abertura do VI Seminário Estadual de Agroecologia, no Parque da EFACIP, em Pinhalzinho, na manhã desta quinta-feira (23). Técnico florestal, agrônomo e mestre em Agroecossistemas, Paulus foi taxativo na análise sobre o futuro da agroecologia: é necessário olhar para o meio rural como um meio de vida, e não apenas como um espaço produtivo.
                “A assistência técnica é um dos principais desafios da agroecologia porque ela precisa trabalhar uma transição. Foram décadas de exclusão, a partir de um modelo produtivo que não dialoga com a realidade dos agricultores”, afirmou Paulos, que trabalhou na Cotrijuí e no Centro de Tecnologias Alternativas Populares antes de ingressar na Emater/RS-Ascar, em 1990. Foi assistente técnico estadual nas áreas de Agricultura de Base Ecológica, Floricultura e Plantas Bioativas, coordenador do programa Rio Grande Ecológico e do curso de Floricultura pela Internet e instrutor do Cetanp. Em 2008 foi eleito presidente da Associação dos Servidores da Ascar Emater/RS - Asae, e reeleito em 2010.
                Para Paulus, a agroecologia pressupõe um conjunto de fatores para, primeiro, avançar nas formas de produção com o objetivo de reduzir o uso de insumos nocivos, especialmente agrotóxicos, e melhorar as condições de manejo do solo. “Por outro lado também envolve aspectos sociais e metodológicos para agregar valor, mantendo a família no campo. Outro componente importante é ver o meio rural como um espaço de modo de vida, como seres humanos, e não apenas um espaço produtivo para negócios”, complementou.
                Um dos aspectos considerado por Paulus como mais importantes na agroecologia é que ela pode, com assistência técnica dirigida, incluir socialmente e economicamente famílias  que estão fora do espaço produtivo por conta de um modelo agrícola convencional e excludente. “A execução das políticas públicas federais, estaduais e municipais deve servir para ampliar a autonomia dessas pessoas, para que elas possam ampliar renda, preservando o meio ambiente em suas propriedades”, concluiu.
Onde concentrar esforços, segundo Gervásio Paulus
                “Desenvolver uma estratégia de desenvolvimento rural para além dos aspectos produtivos, buscando ampliar a qualidade de vida, com opções de cultura, educação, lazer, inclusão digital, entre outras, que estimulem a permanência dos jovens no meio rural.” 



VI Seminário de Agroecologia inicia com 

público recorde de 1,7 mil participantes
                A abertura do VI Seminário Estadual de Agroecologia, na manhã desta quinta-feira (23), no Parque da Efacip, em Pinhalzinho-SC, registrou público recorde em relação às outras edições do evento. Foram mais de 1,7 mil inscritos até às 10h da manhã. A expectativa da organização é que mais de 2,5 mil pessoas passem pelo Seminário e pela Feira Agroecológica até o encerramento, na tarde de sexta-feira.
                O público é formado, em sua maioria, por agricultores, estudantes e técnicos de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, além de professores e pesquisadores que atuam vinculados a universidades, em estudos dirigidos à agroecologia. Mais de 20 entidades, instituições, movimentos, universidades e prefeituras participam da organização do Seminário.   
                “A questão principal que levantamos aqui é a viabilidade da agroecologia. Se este modelo contasse com o mesmo apoio, técnico e de crédito, que a agricultura convencional, se consolidaria para garantir alimento em quantidade, e de qualidade, para a população”, afirma o representante da Comissão Organizadora do Seminário, Cláudio Júnior Weschenfelder.
                O extensionista Leandro Hübner, de Princesa, no Extremo Oeste de Santa Catarina, acredita que o Seminário pode ampliar o comprometimento de agricultores e consumidores com a agroecologia. “É uma rede, que começa no agricultor, nos técnicos, e segue até o consumidor. Esperamos que a representatividade exposta aqui (no Seminário) auxilie na pressão por investimentos em assistência técnica, crédito e organização da comercialização da agroecologia”, defende Hübner.
Feira reunirá produtos livres de agrotóxicos
                Associações, entidades e cooperativas que produzem alimentos sem agrotóxicos terão espaço na Feira de Saberes e Sabores da Agroecologia, aberta a partir das 14h, no Parque da Efacip. A Feira também será o local onde ocorrem todas as atividades culturais do Seminário, o que trará ainda mais visitantes para os estandes dos expositores. São 40 expositores, de diversas regiões do Estado.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA SEMINÁRIO
QUINTA-FEIRA – 23/05
8h - Recepção, Inscrição e Café da manhã.
9h - Abertura
10h - Palestra I
TEMA: Agroecologia e desenvolvimento (ATER)
PALESTRANTE: Gervasio Paulus (Diretor Técnico da Emater-RS)
11h 30 - Debate
12h 30 - Almoço
14h - Abertura da Feira
14h 30 - Mesa Redonda I - Agroecologia e Soberania Alimentar: Ameaças dos transgênicos e agrotóxicos 
Leonardo Melgarejo (representante do MDA na CNTBio)
Rubens Nodari (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)
Eduardo Amaral Borges (Conselho Nacional de Segurança Alimentar)
Coordenador:  Antônio Inácio Andriolli (Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS)

Mesa Redonda II -  Desafios da Certificação Orgânica e Agroecológica
Eduardo Amaral (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA)
Laercio Meireles (Rede Ecovida de Agroecologia/ Centro Ecológico - RS)
Coordenador: Natal João Magnanti (Centro Vianei)
17h 30 - Apresentações (Na Feira)
18h 30 - Janta
20h 30 -  Atividade Cultural
SEXTA-FEIRA – 24/05
7h - Café
8h 30 - 12h  - Oficinas/Minicursos
1. Sementes Crioulas
2. Manejo de Água e Solo
3. Plantas Medicinais
4. Certificação Participativa
5. Reaproveitamento de Alimentos
6. Agroecologia e Comercialização
7. Agroecologia e Juventude
8h 30 - 12h -  Relatos de Experiências
1. PAA – PNAE 
2. Leite Orgânico Certificado
3. Associativismo e Agroecologia
4. Soja Orgânico
5. Sistemas Agroflorestais
6. Certificação Agroecológica-Hortifruticultura
8h30 - 12h - Visitas
1. Horticultura/fruticultura
2. Produção de Leite a Base de Pasto
3. Bioconstrução
12h - Almoço
13h 30 - Palestra II - Convergências e Divergências: a política nacional de agroecologia e produção orgânica
PALESTRANTES:  Natal João Magnanti (Centro Vianei) e João Carlos Costa Gomes (Embrapa Clima Temperado - Pelotas - RS)
15h 30 -  Encaminhamentos e Encerramento com Coquetel Agroecológico.

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